Muitas humanidades
DOI:
https://doi.org/10.57168/b19.v13i1.89Palavras-chave:
natureza-cultura, necropolítica, colonialismo, cuidadoResumo
Nos anos de 2020 e 2021, a humanidade enfrentou uma grave crise devido à pandemia global e às consequências das mudanças climáticas. A esperança de uma mudança de atitude diante da vida foi efêmera: a extrema direita avançou em vários países, levando a políticas de exclusão social, xenofobia, racismo e violência, agudizando os “mundos de morte” descritos por Achille Mbembe. Proponho discutir a crise ambiental a partir de uma perspectiva pós-colonial e psicanalítica, buscando um diálogo com as culturas que o colonialismo atacou. Visito a visão de Freud sobre a relação entre natureza e cultura para em seguida dialogar com Winnicott e explorar perspectivas alternativas, como as cosmogonias ameríndias, que veem a natureza como parte da humanidade. Enquanto a cultura ocidental busca dominar e controlar a natureza, outras veem a natureza como parte intrínseca da humanidade, valorizando a ética do cuidado e do acolhimento, em contraste com a ética punitivista da cultura ocidental. A psicanálise, em diálogo com essas culturas, pode oferecer uma perspectiva diferente da relação entre natureza e cultura e ampliar sua escuta. Convido, assim, a repensarmos, como psicanalistas, nossa concepção de natureza, cultura e ética em meio à crise ambiental.