Arrogância e corrupção
reflexões sobre as heranças coloniais do Brasil
Palavras-chave:
psicanálise social, corrupção, arrogância, crueldade, colonialismoResumo
Partindo dos textos sociais de Freud, neste artigo são oferecidas reflexões sobre a herança colonial do Brasil – desde a chegada das primeiras expedições marítimas portuguesas – enquanto propulsora da corrupção nas esferas públicas governamentais como uma cultura ancestral. Sigmund Freud aponta que a crueldade é constitutiva do ser humano e está associada à prevalência da pulsão de morte, e que a violência social tem as formas de dominação como pano de fundo. Nesse contexto, podemos incluir a crueldade na perspectiva sociológica, que implica a emergência de violências sociais sem qualquer motivo aparente. Esse dispositivo de desigualdade e dominação faz sofrer os povos originários e as camadas sociais mais desprivilegiadas. A perversidade, expressa em forma de arrogância, opera numa ordem em que alguns seres humanos acreditam que merecem viver com mais conforto, saúde e segurança do que outros. Esse funcionamento perverso alimenta a parte mais triste e horrorosa da história da humanidade, marcada por genocídios e negligências que se repetem por serem sintomas estruturais do mecanismo social.