O trabalho com pais de crianças com transtornos de desenvolvimento
ressonâncias e dissonâncias entre clínica e pesquisa
DOI:
https://doi.org/10.57168/b19.v13i1.96Palavras-chave:
clínica com pais e bebês, enactment, epistemologiaResumo
Este artigo discute que o conhecimento produzido em trabalhos com escala grupal, como ensaios clínicos, se refere a tendências generalizáveis ao grupo, ainda que se tenha como diretriz de intervenção a singularidade de cada caso, pois o fato de o delineamento ser tal que se produzem efeitos recolhidos como tendência do grupo, portanto generalizáveis, não torna necessário que a intervenção seja orientada por generalizações ao invés da singularidade de cada caso. Aponta-se a crença errônea de que resultados obtidos de maneira generalizável decorrem de intervenções orientadas por generalizações. Argumenta-se que a natureza generalizável do conhecimento referente à escala grupal é efeito do delineamento metodológico, e não da diretriz da intervenção, daí a importância de estudos em escala grupal lançarem mão de métodos quantitativos aptos a detectar resultados tendenciais, ou seja, generalizáveis, como também de métodos qualitativos que detectam significados singulares das experiências vividas. Apresentam-se vinhetas clínicas de atendimentos de orientação psicanalítica com pais e crianças e discutem-se aspectos epistemológicos, metodológicos e clínicos a fim de ilustrar que tensões da própria clínica podem alimentar o embate da psicanálise com outras perspectivas de trabalho que também são importantes na pesquisa e no atendimento a crianças com problemas de desenvolvimento e seus familiares.